De forma simples, um colector plano é formado pela cobertura transparente, um absorvedor, o isolamento térmico para evitar as
perdas de calor e uma caixa/carcaça que garante a estabilidade necessária ao conjunto. As principais características que a cobertura deverá cumprir são:
a) Provocar o efeito de estufa e reduzir as perdas por convecção para melhorar o rendimento do colector.
b) Garantir a estanquicidade à água e ao ar conjuntamente com a carcaça e as juntas.
c) O efeito de estufa indicar-nos-á as principais características físicas, que deverá possuir uma cobertura em condições:
• Um coeficiente de condutividade que dificulte a passagem do calor desde o interior para o exterior e assim conseguir
diminuir as perdas, otimizando o rendimento do colector
• Um coeficiente de transmissão baixo para as ondas compridas emitidas pelo absorvedor e um coeficiente alto para a captação da radiação solar poder passar.
• Um coeficiente de dilatação pequeno, já que a parte interior terá uma temperatura mais alta que a exterior, pelo que se dilatará mais e existirá o risco de quebra e deformação superior.
• Evitar que a sujidade fique colada à superfície exterior, a fim da chuva escorregue facilmente e garanta a lavagem eficaz sem ter de recorrer a limpeza manual, exceto em casos extraordinários. Quanto à estanquicidade, os defeitos na cobertura podem aparecer por causa de:
• quebra e fissura
• Deformação da cobertura, perdendo o contato com a junta que une com a carcaça
• Quebra e impacto (granizo, pedras, acidente durante o transporte, etc.
Há diversas qualidades de vidro, diferenciando-se na sua composição química, características mecânicas, ópticas, etc., pelo que não podemos escolher um vidro qualquer e montá-lo no primeiro colector que encontramos.
Teremos de escolher vidros recozidos ou temperados, porque as suas propriedades ópticas não pioram nestes processos. Antes pelo contrário, as suas propriedades mecânicas melhoram significativamente.
• É suposto que a transmitância seja sempre inferior a 1
Os coeficientes de transmissão energética solar mudam pouco para qualquer vidro, seja qual for o tratamento da sua superfície, podendo ser polida, esmerilada, etc. No entatanto muitos destes processos retêm a sujidade, que é muito difícil eliminar e que provocam perdas significativas, não sendo aconselhável utilizar este tipo de tratamento.
Teremos de utilizar materiais com uma baixa percentagem de sais de ferro, o qual pode ser observado pela cor esverdeada quando examinarmos o vidro de lado.
O vidro branco será melhor para se ter uma boa transmissividade.
As coberturas dos coletores terão de ser resistentes à pressão do vento, ao peso do gelo e da neve, aos impactos de granizo, etc.
Um outro aspecto que não é muito tido em conta, é o risco de quebra espontânea sobre o efeito de contrações internas, provocadas pelas diferentes temperaturas dos distintos pontos da cobertura.
Se houver um arrefecimento súbito, como o motivado pela trovoada, a parte da cobertura que está dentro das juntas não arrefecerá tão rapidamente e surgirão tensões que poderão produzir rupturas. Outra causa pode ser a dilatação da parte da cobertura que estiver exposta aos raios solares que provocaram tensões com as bordas mais frias, que não podendo dilatar-se tanto, provocam o efeito de contração-tração.
Podemos afirmar que uma diferença térmica de 25ºC entre dois pontos do mesmo vidro, constitui risco de ruptura.
Para evitar este risco existem duas soluções:
• Melhorar a resistência das bordas
• Aumentar a resistência do volume mediante um tratamento apropriado
Para melhorar a resistência das bordas, poderemos efectuar um corte o mais perfeito possível.
Para aumentar a resistência do vidro podemos submetê-lo à operação de têmpera térmica, quando já tivermos feito as bordas. A técnica consiste em aquecer o vidro até à temperatura de amolecimento do vidro e depois arrefecê-lo subitamente através do sopro de ar. Este tratamento irá criar dentro do vidro contrações que reforçam a resistência do produto final.
As vantagens da têmpera são as seguintes:
- Maior resistência à quebra
- Menor flexibilidade
- Grande resistência às contrações de origem térmica
- Fragmentação de segurança
Outra causa de quebra pode ser a ausência de folga que costuma haver entre o vidro e o caixilho que o suporta:
Podemos concluír, que no vidro temperado as bordas terão de estar bem cortadas, paralelas e sem físsuras.